O homem de ferro do Country
Melhor triatleta amador de Goiás e especialista em longas distâncias, Rafael Brandão é movido a desafios e insere o clube na rotina de treinos
Zona de conforto e acomodação são fatores que não fazem parte da vida do advogado e triatleta Rafael Brandão, countryano há dez anos e adepto de provas de longas distâncias, que têm os mais altos níveis de exigência física e mental no esporte. Apaixonado pela modalidade e movido a desafios, o atleta de 36 anos se divide entre trabalho, família, dedicação aos treinos e competições.
O talento e a disposição fazem de Rafael o melhor triatleta amador de Goiás e um dos melhores do Brasil. Para isso, trava uma luta diária para se preparar para até 15 provas que disputa por ano, no País e fora dele. “O triatlo é difícil, não é um esporte barato e a logística não é fácil. Mas, quando você gosta, arruma tempo e condições para praticá-lo. Acordo às 5 horas, todos os dias, para treinar. Trabalho e, no final do dia, consigo treinar de novo para completar o que preciso fazer diariamente”, conta Rafael sobre sua rotina.
Em épocas de treinos fortes, o triatleta chega a nadar 20 km, pedalar 400 km e correr 70 km em uma semana, tudo isso dividido de acordo com um objetivo diferente a cada dia. O domingo, que para a maioria das pessoas é de sagrado descanso, é um dos dias mais exigentes, reservado para o ciclismo longo, em que Rafael geralmente pedala de 120 km a 180 km, o que significa de quatro a seis horas em cima da bicicleta.
O Country está inserido na rotina de treinos do triatleta. Enquanto a mulher dele, Iara Batista, e o filho do casal, Thomaz Batista Brandão Sousa, curtem o clube para lazer, Rafael aproveita para treinar. “O Country tem infraestrutura excelente, ainda mais agora que fizeram reforma. Eu nado lá e isso me ajuda bastante. É um local em que sempre posso ir que vou ter condição de treinar”, resume.
Em Goiás, Rafael lamenta a falta de provas. “O que falta muito aqui em Goiás são as competições, que são o que realmente difundem o esporte. A gente tem que viajar muito para competir. É um negócio falho aqui do Estado”, explica ele, que passa o ano viajando para disputar provas. Em abril, foi o melhor amador e o 10º no geral (incluindo os profissionais) da prova Las Olas, em Fort Lauderdale, na Flórida (Estados Unidos).
A prova na Flórida foi de velocidade e usada como preparação para as provas longas que o triatleta disputará em 2015 – faria, em Miami, no início de abril, o Ironman 70.3 do qual foi campeão quatro vezes. Também há planos para o Ironman Brasil, em Florianópolis. O desempenho nessas provas determinará o foco de Rafael no final do ano: Mundial de Ironman ou de Ironman 70.3 (veja as distâncias Abaixo).
PERFIL
Nome: Rafael Brandão de Oliveira Sousa
Idade: 36 anos
Data de nascimento: 10/3/1979
Local de nascimento: Goiânia (GO)
Peso: 64kg
Altura: 1,72m
Categoria atual: amador, de 35 a 39 anos
Casado com: Iara Batista
Filho: Thomaz Batista Brandão Sousa, de 3 anos
Principais conquistas (amador):
• Campeão Troféu Brasil 2006 – distância de short triatlo
• Campeão Troféu Brasil 2007 – categoria elite-amador
• Campeão do Ironman 70.3 de Pucón (Chile) 2013
• Campeão do Ironman 70.3 de Muskoca (Canadá) 2010
• Campeão do Ironman 70.3 de Miami (Estados Unidos) 2014
• Quatro vez campeão do Ironman 70.3 do Brasil (2009, 2010, 2012 e 2013)
• Campeão do Ironman Arizona (Estados Unidos) 2009 (perdurou como o melhor tempo de Ironman de um atleta amador brasileiro, com 8h50min)
• 3º lugar no Ironman Brasil 2010
• 9º lugar no Mundial de Ironman 70.3 no Canadá 2014
Em 2014, uma lesão no primeiro semestre atrapalhou Rafael, que se ausentou de provas. A partir do meio do ano, voltou com força total. Foi o melhor amador no Ironman 70.3 de Miami. No Mundial da distância, disputado no Canadá, o goianiense foi o 9º da sua categoria (35 a 39 anos). Da água, Rafael saiu em 2º lugar no Mundial. Depois, perdeu terreno e fechou a prova em 9º – na classificação total, foi 78º entre os homens e o 80º no geral.
Como foi nadador antes de iniciar no triatlo, o countryano leva vantagem no esporte que abre as provas de triatlo. “Ajuda eu ter vindo da natação. É uma vantagem muito grande que tenho. Começo a parte do ciclismo na frente e com desgaste menor, o que ajuda muito no final da prova”, afirma Rafael, que tem dois técnicos – um exclusivo para a natação e o triatleta Santiago Ascenço, que coordena os treinos de forma geral e os de ciclismo e corrida, especificamente.
Depois de nadar dos 10 aos 22 anos, Rafael adotou o triatlo a partir de 2006. “É um esporte muito legal, não tem idade. A gente vê pessoas de 60 anos ou até mais praticando. É muito saudável se for praticado da maneira correta e não há monotonia. É apaixonante. Quem entra, fica viciado. A brincadeira é bem legal.” A família já se acostumou à dedicação do countryano ao esporte. “É um estilo de vida. Minha mulher me conheceu fazendo isso. Já estava no pacote”, brinca.
Os benefícios da prática do triatlo são vistos na rotina. “A gente aprende muita coisa, principalmente a ter disciplina e a otimizar o tempo para dar para fazer tudo. Meu dia acaba se tornando bastante objetivo.”
O que Rafael não consegue fazer como deveria é descansar. “O descanso faz parte do treino e é o meu grande ponto falho. Tenho filho de 3 anos, tenho que trabalhar, tenho família. Não descanso adequadamente. Está aí a diferença entre o profissional e o amador”, afirma o triatleta, que se preocupa com as consequências. “Tenho que tomar bastante cuidado para não passar do ponto, treinar demais e descansar pouco. Isso acaba resultando em baixo desempenho nas competições.”
O sonho olímpico não faz parte da vida de Rafael. “Teria que mudar muito a minha vida e não teria o nível para correr. Conseguiria nadar e pedalar junto com os melhores, mas a corrida deles é abaixo de 30 min nos 10 km. Não conseguiria fazer.” Para se dedicar ao esporte, o triatleta conta com o apoio da academia Bodytech, onde faz parte dos treinos da assessoria esportiva de Santiago Ascenço, da Mizuno, que fornece material esportivo, e da Aqua Sphere, que fornece roupas de natação, inclusive de borracha quando necessário. Outros apoios são da América Tri Esportes, revendedora oficial da marca Cerveló de bicicletas, e da Gil Revisões, onde prepara a bicicleta para treinos e provas.
Revista O COUNTRY - Edição nº 131 - Abril/Maio 2015 TEXTO - Paula Parreira FOTOS - Guido Gallo e Arquivo Pessoal